Elas fazem as pessoas trabalharem com mais vontade e não apenas para receber o salário no fim do mês
O desempenho de todo negócio é influenciado por diversos fatores, como qualidade dos produtos, preço, marketing e controle de custos. Mas existe um fator que permeia todos os outros e pode se tornar uma das principais forças de uma empresa: a motivação e o comprometimento dos seus colaboradores. Duas empresas com equipes semelhantes podem apresentar resultados muito distintos simplesmente porque uma delas está mais engajada que a outra.
Como criar as condições necessárias para ter uma equipe mais dedicada e produtiva? A resposta, segundo os especialistas, está relacionada em grande parte à qualidade do ambiente de trabalho. E inclui oferecer aos colaboradores uma experiência profissional que estimule a colaboração, o engajamento e a proatividade, em vez de apenas um lugar para realizar as tarefas pedidas e receber o salário no fim do mês.
O executivo Sergio Fajerman entende do assunto. Diretor de RH, Marketing e Comunicação Corporativa do Itaú Unibanco, ele é um dos principais responsáveis pela gestão dos mais de 101 mil colaboradores do maior banco privado do País.
Confira abaixo algumas de suas dicas para formar e manter equipes mais motivadas e produtivas:
1. Defina a cultura da empresa
A cultura consiste no conjunto de valores, normas, comportamentos e práticas que orientam uma empresa. Segundo Fajerman, definir e comunicar claramente qual deve ser a cultura do negócio é um pré-requisito fundamental para formar e manter equipes motivadas. “É comum que os empreendedores sejam absorvidos por outros aspectos do negócio, como pensar em produtos novos, expansão, controle de estoque, caixa”, observa Fajerman. “Mas é preciso dar a mesma importância à cultura, pois é ela que vai nortear os funcionários em relação aos comportamentos e as atitudes necessárias para alcançar os objetivos e evoluir como organização.”
Definir a cultura envolve escolhas. A empresa é formal ou informal? Moderna ou conservadora? Rígida ou flexível? “Não dá para tentar abraçar o mundo, querendo ser tudo ao mesmo tempo”, alerta o especialista. A cultura permite selecionar, desenvolver e reter os colaboradores mais alinhados àqueles valores, favorecendo o engajamento. “Uma cultura bem definida atrai talentos mais alinhados à organização, da mesma forma que afasta quem não se identifica com seus valores e direcionadores”, observa.
2. Seja consistente na prática da cultura
A cultura deve estar refletida em todos as práticas e políticas da empresa, sublinha Fajerman. Não adianta dizer, por exemplo, que a empresa oferece um espaço aberto e ambiente seguro para todos falarem sua opinião e serem ouvidos, mas retaliar quem faz uma crítica construtiva às decisões de um chefe. Ou afirmar que o cliente vem em primeiro lugar quando as políticas de incentivo só valorizam o desempenho de vendas e não a satisfação do consumidor. “A cultura não pode ser apenas um texto bonito colado na parede”, ele resume.
3. Lidere pelo exemplo
As atitudes dos donos têm um papel especialmente importante em reforçar a cultura da empresa. “É preciso liderar pelo exemplo”, diz Fajerman. “Se diz que não tem hierarquia, não faz sentido, por exemplo, ideias e sugestões de pessoas mais juniores serem menos consideradas do que a de pessoas mais seniores. São nos comportamentos diários que a cultura vira uma realidade”.
4. Treine as pessoas
Investir em treinamento é outra condição importante para engajar as pessoas. Ações de desenvolvimento profissional, como cursos, workshops e mentorias, reforçam a cultura da empresa, ampliam as competências dos colaboradores, unem ainda mais os times e promovem um ambiente de trabalho mais produtivo.
5. Dê autonomia e foque no resultado
As pessoas, sobretudo das novas gerações, não querem mais receber ordens e ser vigiadas e controladas o tempo todo. Elas ficam mais motivadas quando recebem autonomia para realizar o trabalho e são cobradas pelo resultado. “Não é uma autonomia absoluta, pois qualquer organização pressupõe uma governança e decisões colegiadas, mas também não é mais aquele modelo de comando e controle de antigamente”, resume Fajerman.
6. Não puna o erro
Em muitos ambientes de trabalho, pessoas com ótimas ideias ou potencial para tomar iniciativas deixam de participar por medo de errar e serem punidas. Com o tempo, acabam ficando desmotivadas e deixam de contribuir ativamente. “Testar algo e não dar certo faz parte do jogo”, observa o executivo de RH do Itaú. “Se você culpa ou pune quem deu uma ideia que não funcionou, você desincentiva novas sugestões. O ideal é tratar os erros de forma natural, aproveitando os seus aprendizados.”
7. Estimule a participação e escute com atenção
Tente fazer com que as pessoas se sintam à vontade para serem elas mesmas e possam falar o que pensam tranquilamente. “O debate e a troca de ideias têm que ser vistos como algo positivo”, diz Fajerman.
E não basta pedir que os colaboradores falem, é preciso estar disposto a uma escuta ativa, com atenção e interesse. Procure ouvir os desejos, as sugestões e as críticas sem desmerecê-los por serem contrários às suas crenças e à sua experiência. “Nem sempre o que trouxe uma empresa até o presente vai levá-la para o futuro”, resume o especialista. “É importante ter humildade e ouvir com atenção mesmo o que vai contra a sua opinião.”
8. Valorize a liderança inspiradora
Um bom gestor, explica o executivo de RH do Itaú, é aquele que consegue estar disponível de maneiras diferentes para a sua equipe. “É uma pessoa que não se coloca como um super-herói, como ocorria no passado, em que o chefe posava como aquele que é imbatível e aguenta tudo, mas alguém com qualidades, defeitos e fragilidades”, resume Fajerman. “É alguém que está junto do time para ajudar a resolver os problemas, interagindo, dando a sua opinião. Alguém que escuta, entende, estimula o debate. E é também alguém que se preocupa com as pessoas de forma integral, considerando tanto os aspectos profissionais quanto os pessoais.”
9. Não tolere abusos
Chefes abusivos, que dão ordens de maneira autoritária, com dureza excessiva ou até falta de respeito, são uma das principais causas de desmotivação de equipes, afirma Fajerman. Para manter a equipe engajada, não se pode tolerar esse comportamento na empresa. Bons líderes cobram resultados e, quando necessário, chamam a atenção dos colaboradores, mas sempre com gentileza, respeito e mostrando o que pode ser melhorado.
10. Promova a diversidade e a inclusão
A diversidade enriquece o grupo. Ter colaboradores com características, perspectivas e experiências de vida distintas pode trazer novas ideias, abordagens e soluções para problemas que não poderiam ser encontradas de outra forma. Cuide para que todas as pessoas, independentemente de suas diferenças, sejam incluídas e valorizadas, promovendo um ambiente respeitoso e acolhedor.
Fonte: Portal Pequenas Empresas & Grandes Negócios