Depois das despesas acumuladas com festas, presentes, viagens e passeios de fim de ano, chega o mês de janeiro e junto com ele as chamadas “contas extras”. Trata-se, na verdade, de gastos excedentes, porém esperados. Todo início de ano há despesas com IPTU, IPVA, material escolar, rematrícula, entre outras, que não aparecem nos demais meses do calendário anual.
Mesmo sabendo da previsão dessas despesas para janeiro, nove em cada dez brasileiros afirmam não ter dinheiro para pagar essas contas. É o que mostra levantamento realizado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). Para mudar esse cenário e manter as finanças em dia, a dica mais importante é planejar.
Dívidas de janeiro
As despesas do início de ano são recorrentes e acontecem no mesmo período. Desta forma, é possível listar todas as contas que chegam em janeiro, calculá-las e se programar antecipadamente para quitá-las no próximo ano. Conhecendo a média do valor que terá que desembolsar no ano seguinte, é possível poupar uma quantia mensal para efetuar o pagamento à vista sem a necessidade de recorrer a parcelamentos ou empréstimos. Com um bom orçamento familiar, você poupa o 13° salário e inicia o novo ano com as contas em dia.
Parcelado ou à vista
Para aqueles que têm dinheiro disponível na conta corrente ou até mesmo em aplicações, como a poupança, a dica é pagar à vista as contas que oferecem descontos. A média da dedução para pagamento à vista do IPTU é de 6% e do IPVA é de 3%. Para avaliar se vale a pena pagar o imposto à vista, é necessário simular quanto o dinheiro renderia na poupança pelo período do parcelamento do IPVA ou IPTU.
No caso do IPVA, estados como São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais oferecem desconto de 3%. Moradores desses locais que possuem carros com IPVA no valor de 1.200 reais, por exemplo, teriam desconto de 36 reais para pagamento à vista. Aplicando o mesmo valor do imposto em um investimento de renda fixo, que paga em média juros de 0,5% ao mês, o consumidor teria um rendimento final de apenas 6 reais. Na poupança, o rendimento seria ainda menor, considerando a média de 0,35% de juros ao mês.
Atrasar o pagamento ou entrar no cheque especial
O consumidor que não tem dinheiro para pagar à vista as contas de início de ano, deve tentar parcelar os pagamentos. Mas para aqueles que estão no sufoco e não possuem recursos nem mesmo para quitar a primeira parcela dos impostos, a saída é pesquisar as linhas de financiamento oferecidas pelos bancos e encontrar a instituição financeira que oferece a menor taxa de juros.
Vale ressaltar o risco de entrar no cheque especial ou no rotativo do cartão de crédito para efetuar o pagamento das contas de janeiro. É importante fazer os cálculos, mas muitas vezes vale mais a pena atrasar um mês um compromisso e arcar com multa e juros do que entrar no cheque especial ou no rotativo do cartão e ficar devendo a mesma quantia nessas linhas de crédito. A média de juros do cheque especial para esse ano de 2020 será de 8% ao mês. Já os juros do cartão de crédito vão de 8,5 a quase 20% ao mês.
Helio Pedro da Silva, economista e sócio-fundador da Probo Contabilidade