Composto por sete cidades, o Grande ABC reúne mais de 2,7 milhões de habitantes (IBGE 2018) e é reconhecido nacionalmente por ser o berço da indústria automobilística no Brasil. Grandes montadoras que chegaram na região a partir da década de 1950 atraíram pessoas de todos os cantos do país. Com o passar dos anos, porém, a indústria automotiva foi perdendo força. Nos anos 1990 a região passou por um forte processo de desindustrialização. Além dos ciclos de crise econômica vivenciado por todo o país, a região também perdeu investimentos com a guerra fiscal que levou fábricas para outras cidades do Estado de São Paulo.
A indústria ainda tem participação importante na economia regional. Mas o setor de serviços vem ganhando destaque desde a reestruturação do setor industrial local. Trabalhadores de multinacionais que eram desligados das companhias passaram a prestar serviços para as grandes empresas que permaneciam na região. Atrelado à demanda do setor industrial num primeiro momento, a área de serviços do Grande ABC começou a ganhar força com o surgimento de um grande número de pequenas e microempresas ligadas a esse segmento.
Com a criação do MEI (Microeemprendedor Individual), programa que completa 10 anos agora, muitos empreendedores da região puderam sair da informalidade e passaram a engrossar o número de prestadores de serviços no Grande ABC. Segundo dados do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), as sete cidades da região reúnem 126,4 mil MEIs. Dentro desse levantamento, o Sebrae mapeou o número de empreendedores que têm mais de 60 anos. São 7.942 idosos empreendendo e movimentando a economia da região, dado que representa 6,27% do total de MEIs no Grande ABC.
Projeto divulgado recentemente pelo jornal Diário do Grande ABC (23/08 – Economia) traz novas possibilidades de trabalho e renda para moradores da região que têm acima de 60 anos e querem empreender. Denominado Empreender 60 Mais, o programa prevê a criação de novas 800 MEIs para o público idoso do Grande ABC. A proposta visa, inicialmente, realizar pesquisas que devem resultar em cerca de 1.200 entrevistas que trarão um diagnóstico desse público nas sete cidades. A partir desse levantamento, será realizado, em parceria com o Sebrae, a capacitação dos interessados em abrir um novo empreendimento ou formalizar o já existente.
Concretizado, o projeto trará diversos benefícios para nossa região. Além de movimentar a economia e contribuir para fortalecer o setor de serviços do Grande ABC, a medida oferecerá à população que tem acima de 60 anos novas perspectivas com a inclusão desse segmento no programa Microeemprendedor Individual. Por meio do MEI, o profissional autônomo passa a ter CNPJ e começa a contar com todas as facilidades para alavancar seu empreendimento. O resultado é mais inclusão social para os idosos e fortalecimento econômico para os sete municípios.
Helio Pedro da Silva, economista e sócio-fundador da Probo Contabilidade